As bio bolhas
Este artigo vem de uma foto que me foi enviada por amigos de Roma em que apareceu um suculento prato de vermicelli à carbonara e, ao fundo, uma garrafa de rosé Perlage. A Perlage Winery é sem dúvida hoje conhecida não só nacionalmente, mas também e sobretudo talvez mundialmente, de facto, desde 1985 a família Nardi, histórica adega de Conegliano Valdobbiadene Prosecco Superiore DOCG, chefiada pela mãe Afra e pelo pai Tiziano, mas com um espírito inovador transmitido e levado pelos filhos, decidiu não sem hesitar converter uma das suas vinhas mais antigas em biológica.
E também nos seus vinhos a Perlage sempre procurou aliar qualidade, pesquisa e inovação. Além da produção de Prosecco biológico – de Prosecco Doc e Docg, de Pinot Grigio delle Venezie, de Cabernet Veneto, para citar apenas alguns -, tem voltado sua atenção para a biodinâmica (de acordo com os princípios de Rudolf Steiner) e vegana (para esta finalidade eliminando do processo a utilização de substâncias derivadas do mundo animal, como as caseínas úteis para a clarificação do vinho). Anos de trabalho e empenho, respeito pela natureza, a seriedade dos métodos de produção e comercialização, levaram esta empresa a obter inúmeras satisfações e certificações de qualidade, segurança alimentar e garantia de métodos de cultivo. Encontramos Ivo Nardi, chefe da Perlage Winery.
DEZ PERGUNTAS
Bom dia, como vocês estão enfrentando este momento histórico particular? Essa segunda fase é mais difícil que a primeira, mas estamos tentando aproveitar esse momento para criar um novo site, para organizar uma contabilidade industrial, para melhorar a comunicação com os clientes, para pensar em possíveis investimentos. Temos certeza de que tudo isso vai passar e que uma vez que essa emergência cesse, o mundo vai reiniciar.
Por que você escolheu produzir biológico em 1985? A escolha do biológico está em continuidade com as raízes da família, constitui uma escolha ética, de respeito aos elementos da natureza (ar, água, solo e vida), que devem ser preservados para continuar a gerar os frutos maravilhosos.
Em sua opinião, como mudou a atitude em relação ao biológico? A do biológico era então uma escolha precisa, ainda praticada por poucos, baseada em uma atenção específica à saúde; agora, especialmente para os jovens, quase se tornou um “must”. Além disso, agora que o biológico não é mais distribuído apenas em cadeias especializadas e a produção aumentou, também é possível gerenciar a cadeia de suprimentos com menos custos, chegando ao consumidor a um preço muito mais acessível do que há alguns anos.
No site da Perlage a palavra responsabilidade aparece muitas vezes, como é declinada essa palavra neste período em particular? Estamos em uma fase em que o respeito ao meio ambiente e a toda a sociedade é fundamental. Dos nossos fornecedores aos nossos distribuidores, aos quais oferecemos a garantia de um serviço fiável e de colaboração duradoura, das associações e escolas que apoiamos, das amizades cultivadas ao longo de anos de paixão pelo vinho e pela cultura que os rodeia, as famílias. Desde o apoio à actividade do Intrecci, projecto de recuperação histórica do bicho-da-seda, à Vie dell’Acqua, ponto de encontro entre as associações Ceod do território, à promoção do consumo responsável, ao envolvimento nas actividades de adega e vindima com pessoas deficiências.
Perlage ingressou no movimento BCorp no final de 2016? Você gostaria de nos contar como essa decisão se desenvolveu? Ficamos fascinados com a possibilidade de sermos uma BCorp, que é um novo tipo de empresa que usa seu negócio para gerar um impacto socio ambiental positivo, certificado por um terceiro – BLab no caso. O BCorp não é “apenas uma certificação,” mas é uma forma de operar, de pensar que leva a definir metas nas áreas social e ambiental.
O que os levou a se tornar também uma empresa de benefícios? Uma empresa deve produzir um benefício para o território e para as pessoas, não para criar um esgotamento de recursos tendendo apenas ao lucro. Esta é a mudança que sempre apoiamos desde 1985 quando acreditamos no biológico, saudável e com respeito ao meio ambiente. O bem-estar da empresa, mesmo em termos econômicos, só pode ser alcançado se todo o sistema que a envolve perseguir e compartilhar os objetivos de melhoria mútua. São sete as linhas de responsabilidade que Perlage identifica: para com o cliente, para com o meio ambiente, para com as relações humanas, para com a comunidade local, para com a sociedade, para com o futuro e o reinvestimento dos lucros a 60%.
Qual é o legado que seus pais deixaram para vocês e que vocês queriam manter? Viemos de uma família com fortes raízes católicas, onde o respeito pelo próximo ou pelos mais fracos está sempre em primeiro plano. Quando éramos crianças, nossa mãe preparava um generoso prato de sopa, um pão e uma taça de vinho no parapeito da janela todas as terças-feiras. Na hora do almoço um mendigo passava para se alimentar, certo de encontrar aquele caloroso conforto.
Qual a importância da sinergia entre empresa privada e escola? No futuro de Perlage existe uma colaboração ainda mais estreita com todas essas instituições de pesquisa – universidades em primeiro lugar – com as quais a vinícola vem trabalhando há anos para refinar cada vez mais métodos de cultivo biológico e biodinâmico.
Vocês são exportadores importantes, 70% de sua produção vai para o exterior. Acima de tudo, onde? Há uma forte expansão nos mercados do Norte da Europa e Canadá. Com grande potencial nos EUA, mas também o futuro plano de ação para a agricultura biológica a nível europeu será uma ferramenta importante para acompanhar o crescimento futuro do setor também aqui.
Vamos terminar com o prosecco! Outubro de 2020 foi uma data importante: o Prosecco Rosé fez sua estreia no mercado italiano, não sem despertar polêmica de puristas e tradicionalistas. O que você acha? Acho que é uma grande oportunidade, nas grandes borbulhas há sempre um rosé e é um tipo de vinho que tem um grande espaço no mercado. Já em 2019 produzimos o Afra Prosecco DOC Rosé Extra Dry Millesimato com um nome evocativo e exótico, mas também com uma forte referência à terra e à sua fertilidade e para nós irmãos contém também uma terna memória materna.